O que há @qui?

... textos da minha autoria (ou com os créditos devidos se não forem) ... imagens da internet (algumas fotos minhas) ... poesia em prosa (e prosa poética) ... links poéticos (outros não) ... as minhas músicas (também as tuas talvez) ... comentários (ou não) ... eu e o meu narcisismo... somente!

Hoje... mais algumas p@lavras ...

... só mesmo palavras! - um blog de p@lavras minhas onde vislumbrei uma résta de luz e julguei ter encontrado aquela que iluminaria o caminho por mais de um século.

"Tudo é eterno enquanto dura..."

... hoje vou-me deixar escorregar na minha eternidade com as palavras de Mário de Sá Carneiro:

"Além-Tédio"

Nada me expira já, nada me vive ---
Nem a tristeza nem as horas belas.
De as não ter e de nunca vir a tê-las,
Fartam-me até as coisas que não tive.

Como eu quisera, enfim de alma esquecida,
Dormir em paz num leito de hospital...
Cansei dentro de mim, cansei a vida
De tanto a divagar em luz irreal.

Outrora imaginei escalar os céus
À força de ambição e nostalgia,
E doente-de-Novo, fui-me Deus
No grande rastro fulvo que me ardia.

Parti. Mas logo regressei à dor,
Pois tudo me ruiu... Tudo era igual:
A quimera, cingida, era real,
A própria maravilha tinha cor!

Ecoando-me em silêncio, a noite escura
Baixou-me assim na queda sem remédio;
Eu próprio me traguei na profundura,
Me sequei todo, endureci de tédio.

E só me resta hoje uma alegria:
É que, de tão iguais e tão vazios,
Os instantes me esvoam dia a dia
Cada vez mais velozes, mais esguios...




Mário de Sá-Carneiro








FIM

Sombr@?

O que faço com isto que sinto?
Onde derramo estas lágrimas?
Por quem choro eu?

Tenho a sensação de já te ter tocado
Em alguém que por mim passou

Tenho em mim memória do teu cheiro
Na almofada já fria a meu lado

Estendo a mão sabendo que não estás aqui
Serás mais que uma sombra... ?

Nos br@ços de Neptuno


Vou caminhando por um areal imenso
Imersa em pensamentos difusos

De corpo abraçado avanço contra o vento
Paro porque o cabelo me tapa o horizonte

Sinto uma vontade imensa de abraçar o sal do ar
E isso dá-me alento para continuar

Viro em direcção à encosta rochosa
Quando as ondas mansas se aproximam

Viro direita ao azul intenso do mar
Quando a imensidão do penedo me assusta

Avanço com uma mão cheia de certezas
Próprias de quem tudo sabe e nada pergunta

Que a praia não acabará antes das minhas forças
Que as pernas não falharão antes do fim da praia

O frio corta as faces a cada momento mais gélidas
Balançando com o calor do sol nas minhas costas

O ponto de não retorno está próximo
Oscilando entre as rochas e as ondas a praia estreita

O nó na garganta aperta e a cada momento
A decisão de avançar ou recuar se impôe

Olhando para trás vejo a roupa caída
Em cada peça um pouco do meu cheiro

Quando já só resto eu com pouco de mim
Inalo o ar salgado e mergulho no azul

Ouço ao longe uma voz que conheço como minha
Que segreda aos ouvidos de Neptuno
“Deixa-me encostar-me a ti, voltei para ficar…”

Manhã chuvos@

Nesta manhã chuvosa ao olhar-me ao espelho
Não me revi nele nem sequer depois nos teus olhos.
Ao olhar de relance para o lado negro de mim mesma
Vi uma sombra que me fugia por entre chuva incessante
Que procurava alguém que julgava conhecer outrora.
Assim, deixando de seguir quem julguei algum dia ver
Por entre o olhar indiferente de quem já não reconheço
Perco-me dentro de mim numa imensa solidão.

Um sonho


Sentir numa voz vibrações positivas
Idealizar um retrato a preto e branco
Guardar na memória o que não se vê

Sentir o toque mesmo antes de tocar,
Acolher uma imensidão de sensações
Uma de cada vez. Saboreadas devagar.
Esconder o rubor teimoso de olhos fechados
Reviver o sonho de uma cabana e imaginar…

Estrel@s


Estrelas brilhando constantes na noite
Num firmamento distante que não é o meu
O meu céu tem nuvens pairando como abutres
Talvez aprenda a voar e a espantar as aves

Estrelas solitárias num tom luminoso
Num longo sonho que não é o meu
O meu sono tem pesadelos curtos e certos
Talvez consiga serenar um dia sem pensar

Estrelas juntas apartadas por anos-luz
Num azul celestial que não alcanço
A minha cor é escuro noite cerrada
Talvez um dia os meus olhos vejam além

Estrelas reluzentes num espaço longínquo
Brilhando na noite tal como eu o não faço
O meu tom é preto matizado de cinzento
Talvez o meu fado seja juntar-me a elas
Talvez já...
Talvez!

Di@s e noites


Tenho dias em que a noite me sabe a pouco e tudo me soa falso

Tenho noites em que a escuridão se alonga pelo dia inteiro

Tenho dias em que acho que a cor da minha alma é o arco-íris

Tenho noites em que sinto em mim uma total ausência de cor

Tenho dias em que todas as minhas noites neles se confundem

Tenho noites sem dormir em que 7 dias inertes não me bastariam

Tenho em mim uma noite escura cheia de dias com cores luminosas

Um@ vida é pouco

Escreverei um livro
Mesmo daqueles pequenos
Sem muito que ler
Talvez uma linha ou duas
Em cada página

Direi mais tarde
Não faltou quase nada
Plantei uma árvore
Tive um filho
Escrevi um livro

Passo pela vida depressa
Sem tempo para mais
Quero experimentar tudo
Mas uma vida é pouco

O dia deveria ter 48 horas
Mas já não seria o nosso dia

Talvez o de um outro mundo
Talvez lá se viva mais devagar
Ou mais intensamente
Ou talvez não

Talvez eu queira tudo já
Ou melhor ainda
Ou talvez não

A certeza que me assiste
É esperar pelos sonhos
Virarem realidade
Até lá... acho que uma vida é pouco

Fénix

Escrever sobre o que sinto
Colocar o que sinto em palavras
Deixam-me quiçá a vantagem
De não pensar nelas (nem em mim).
Falar abertamente não o faço!
Deixo-me escoar com as palavras
Que escrevo por não ter por que as dizer!

Sinto falta da outra parte de mim
Que se foi numa destas noites
E continua a fugir do meu outro eu.

Quando voltar a mim
Serei como a fénix
A renascer das cinzas.
Aí serei EU de novo
Com penas novas
E olhos abertos para o mundo.
Os meus hoje já me ardem
Pelas lágrimas que já nem caem.
Até elas se recusam a sair!

"Já disse que sou sozinho!"


Álvaro de Campos,
pormenor do mural de Almada Negreiros
na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (1958)
 "(....)
Não me macem, por amor de Deus!

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?

Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou só sozinho!
Ah, que maçada querem que eu seja de companhia!
(...)"

Excerto de Lisbon Revisited
Álvaro de Campos

(Sentimento marcante do meu eu com palavras melhores que as minhas...)

Outono @margo

Folhas amarelas e velhas de plátano colam-se ao meu cabelo
Enquanto escorre um imenso rio feito de águas paradas
Pelas pedras que fazem o meu caminho nesta madrugada cinzenta.
Com um leve esgar turvo num semblante carregado
Chego a pensar ser estranho o igual que é o caminho da água
Que frondosamente cai, ao frio que se me entranha pela alma.
Vislumbro ao longe um raio de sol que se adivinha quente.
Talvez se o pudesse ainda sentir, ainda que levemente no meu rosto,
Aquecesse o quasi puro congelante de Dante que me consome
Vejo as folhas a cair lentamente e comparo-as com o Outono da vida
Que relembro e sinto-me vergada pelo peso de chumbo do passado.
A Primavera que passou não foi tão longa mas consegue antecipar a dor
Do Verão que ainda tenho encarcerado fora de tempo dentro de mim
Enquanto me arrasto pé ante pé numa morna lentidão por esta estação
Que vai, inevitavelmente, levar ao clímax de um Inverno de um grandioso inferno…

I Prémio de Poesia jorge du val

Parabéns à PROIBIDA, também vencedora com "Céus de Outono"

P@rabéns

Hoje as palavras não são minhas... mas gostamos os dois de quem as escreveu.
Beijo na hora exacta dos teus 42 anos, Poetik!

Roberto Carlos - "Um Jeito estúpido de amar"
na voz de Maria Bethânia

Preciso...


Preciso de despertar
Deste sono de anos
Infindos sem dormir

De um golpe no pulso
Para ver que o sangue
Ainda me corre nas veias

De um beijo talvez divino
Sem me sentir humana
Para evitar o sofrimento

Apenas deixar-me estar
Ser tudo e ainda nada
Não preciso de mais

Não quero!

Esta que aqui está não sou eu
Sou outra ilusão qualquer
Imagem fraca de mim mesmo
Miragem ao longe no deserto


Não quero passar sem passar
Sentir um poço no centro de mim
Cair sem saber quando ele acaba
É um pesadelo constante ser eu


Não quero acordar sem saber
Se sou o outro ou apenas eu
Vontade de me transformar
Desejo de constante evasão


Passagem de ontem para amanhã
Ponte da minha alma para o teu ser
Sou o que quiserem que seja
Menos eu mesma, não quero!

... só mesmo p@lavras

... um dos porquês das minhas serem "só mesmo palavras" é porque outras quando se juntam ganham vida própria...

Yves Montand - Les Feuilles Mortes

E ali estava eu a ler um poema
A ler e a caminhar
Enchi-me de paz e deixei de ter pressa
Parei de ler.

Continuei a andar e a pensar.

Sem pressa ... Pressa para quê? Pressa porquê?
(É que eu tenho um segredo e tenho medo que ele fuja se me apressar agora)
Tenho palavras guardadas em mim.

Nem eu as vou usar, tenho medo de as gastar!
São o meu tesouro e um tesouro não se pode desperdiçar.
Caminho lentamente e parece que cada pessoa que passa me leva uma palavrinha.
Paro.

Leio novamente as minhas palavras e a calma volta.
(Schht! Eu tenho um segredo.)
Caminho agora com a certeza que ninguém me consegue roubar as minhas palavras.
Bem, minhas, minhas, elas não são, eu não penso em francês,
Mas considero-as como tal, pois senti-as como se o fossem!

(puro devaneio depois de ler o poema:)

LES FEUILLES MORTES

Oh, je voudrais tant que tu te souviennes,
Des jours heureux quand nous étions amis,
Dans ce temps là, la vie était plus belle,
Et le soleil plus brûlant qu'aujourd'hui.
Les feuilles mortes se ramassent à la pelle,
Tu vois je n'ai pas oublié.

Les feuilles mortes se ramassent à la pelle,
Les souvenirs et les regrets aussi,
Et le vent du nord les emporte,
Dans la nuit froide de l'oubli.
Tu vois, je n'ai pas oublié,
La chanson que tu me chantais...

C'est une chanson, qui nous ressemble,
Toi qui m'aimais, moi qui t'aimais.
Nous vivions, tous les deux ensemble,
Toi qui m'aimais, moi qui t'aimais.
Et la vie sépare ceux qui s'aiment,
Tout doucement, sans faire de bruit.
Et la mer efface sur le sable,
Les pas des amants désunis.
Nous vivions, tous les deux ensemble,
Toi qui m'aimais, moi qui t'aimais.
Et la vie sépare ceux qui s'aiment,
Tout doucement, sans faire de bruit.
Et la mer efface sur le sable,
Les pas des amants désunis...

Les feuilles mortes se ramassent à la pelle,
Les souvenirs et les regrets aussi
Mais mon amour silencieux et fidèle
Sourit toujours et remercie la vie
Je t'aimais tant, tu étais si jolie,
Comment veux-tu que je t'oublie ?
En ce temps-là, la vie était plus belle
Et le soleil plus brûlant qu'aujourd'hui
Tu étais ma plus douce amie
Mais je n'ai que faire des regrets
Et la chanson que tu chantais
Toujours, toujours je l'entendrai !

Jacques Prévert

C@mpainha


Ouço os acordes da minha imaginação
Quero saber se estão sincronizados ou não

Imagino...
Uma flor
Um amor puro
Uma noite limpa de nuvens


Vejo...
Um cigarro que me diz que estou nervosa
Uma conversa que me cheira a bafio
A hipocrisia que ponho num copo de leite


E continuo a ouvir o que não quero
Uma campainha que me martela o desespero

inesperadamente ... poesi@

Museu das Aldeias - Relva


"O essencial é saber ver,
Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê,
E nem pensar quando se vê,
E nem ver quando se pensa."

Alberto Caeiro

@uto-estrada


Não gostaria de caminhar como numa auto-estrada
Sem as imensas curvas dos caminhos de cabras
Que beleza encontraria se a estrada fosse a direito?
Veria apenas as marcas brancas da estrada
E rails cinzentos a separar o alcatrão da relva

Gosto de sentir nos pés um caminho sinuoso
Como o que me leva até aquela ermida distante
Chego, ajoelho e rezo com palavras só minhas
Aguardo que um carreiro se desenhe na minha frente
E continuo a grande caminhada em alguma direcção

Não faria sentido ter palas nos olhos como os burros
Seria como admirar um pôr do sol de óculos escuros
Agarro as pedras e sinto-lhes o calor de um sol já ido
Olho as árvores, aperto as folhas nas mãos
Cheiro a resina que se me entranha nas narinas

Prossigo o meu caminho com a ténue certeza
De reencontrar alguém no meio de algum atalho
Deixando-o aperceber-se a pouco e pouco
Que a estrada se caminha melhor a dois
Que isto é só um desvio pelo meio de mim mesma
E que teremos sempre lugar lado a lado

EU


Eu sou de cheiros e de absorver o calor do sol…
Eu sou de suar por estar ao sol e gostar do meu cheiro

Eu sou de gente a transbordar de palavras…
Eu sou de estar com gente até quando aí me sentir só

Eu sou de olhares cheios de sentimentos…
Eu sou de olhar até não gostar do que vejo

Eu sou de cozinhar lentamente até chegar ao êxtase...
Eu sou de lume brando enquanto não queima

Eu sou de ter medo que uma vida não chegue...
Eu sou de viver mais que uma vida até que o cansaço vença

bast@

de onde me vem esta tristeza de tudo e de nada
de onde virá esta vontade de já nem querer ter
não tenho sequer já a presunção de única ser
resta-me a certeza de por breves instantes ter sido A
maldito ciúme de quem ama de novo após tantas luas
fere mais que o sentimento imberbe do lamento a solo
lá longe sem precisar de justificar bastava dizer “não quero”
hoje a idade e a dita experiência traz consigo um “porque…”
queria voltar ao imberbe e conseguir dizer apenas basta
com a segurança de parar esta vivência que me faz sofrer
em cada passo que dou em direcção a nada num caminho torto
que lavro dentro de mim a cada sono sem sonhos que tenho
nas noites cada vez mais longas que vou empurrando
e atravessando num torpor de prozac dia após dia…

Enqu@nto


Enquanto o sol se põe
Penso em ti

Vou erguendo uma prece
Para te ter junto a mim
Penso que tudo o que sinto
Ficará para sempre assim

Eu querendo-te muito
E tu não me querendo tanto

Enquanto espero pelo luar
Penso em ti

No meio dos lençóis frios
Aguardo-te com a ânsia
Própria de quem ama
Julgo que tudo será sonho
Quando finalmente te beijar

Eu amando-te muito
E tu não me amando tanto assim

Chuv@ e lágrimas

Se a chuva me sabe a água
porque é que a água não me sabe a chuva?

“És a minha chuva
e os teu olhos são o céu
e dele caem lágrimas abençoadas pelo teu coração”

Se a chuva é salgada
a que saberão as minhas lágrimas?

“Desfaz-te em mil e uma gotas
que sabem a tudo e a nada
mas sem semelhança ao sabor das ondas”


Se choro por não te ter
porque não chove no universo como dentro de mim?

"E se algum dia duvidares
que algo poderia ser o melhor da tua vida,
então não duvides - tem a certeza de que o seria"

M@is um sonho


Hoje eu tive um sonho

Sonhei que era a pedra da calçada
Que todos pisavam a sorrir

Sonhei que era a fonte
De que todos bebiam e agradeciam

Sonhei que era o pão
Que todos comiam e abençoavam

Sonhei que era o lençol
Onde te deitavas, amavas e adormecias

Acordei com um sobressalto e olhei pela janela

As pedras estavam sujas
Todos passavam por elas sem olhar para elas

A fonte estava seca
Todos praguejavam, como se a culpa fosse dela

O pão largado em cima da mesa era côdea bolorenta
Esquecida por todos havia dias

Os lençóis estavam frios
Tu não estavas ...

Qu@ndo a chuva passar...


"... A nossa história não termina agora
E essa tempestade
Um dia vai acabar...

Quando a chuva passar
Quando o tempo abrir
Abra a janela
E veja: Eu sou o Sol... "

Tormento

O tempo atormenta-me
Não me chega uma vida
Para te poder encontrar

O Sol segue a Lua dia após dia
Eu durmo noite após noite
Sem te conseguir abraçar

Os ponteiros avançam
O meu ritmo é diferente
Os pés não acompanham

O vento continua a soprar
O meu coração bate irregular
Tenho sensações difusas em mim

Vislumbro a tua sombra
Sem te conseguir alcançar
Continuo a caminhar a solo

Talvez um dia...

Enfeitiç@da



Quando vires a chuva a cair
Pensa em mim

Quando beberes água da fonte
Acredita que é a minha boca

Quando vires as folhas a cair
Sonha comigo

Quando notares umas mãos nas tuas
Imagina que são as minhas

Quando sentires o sol na tua cara
Lembra-te de mim

Quando a paixão te consumir
Inventa que me tocas


Se o feitiço não pegar
Não terá a mesma força
Daquele que me lançaste


Março/2001

Entre ... t@nto


Tanto no sonho como na realidade
Eu estou aqui
... e fico

Entre voar pelas ruas e aterrar em ti
Eu permaneço
... sem dúvidas

Entre o partir e o voltar
Eu fico
... contigo

Entre o teu olhar e o meu
Somos um só
... sempre!

H@bito


Passei como todos os dias passo
À tua porta
Olhei como todos os dias olho
Para a tua janela

Já era habitual ver-te olhar para todos
Mas não para mim
Não julgava merecer

Naquele dia os olhares encontraram-se
Enquanto chovia eu tremia
E parei, quebrando o hábito

Baixaste o olhar como eu temia
E eu segui como sempre
Sem olhar para trás

Fevereiro/2009

Ode a um des@parecido

Vaguearei por aquela loja imensa
E comprarei um CD só para mim
Mesmo que seja um repetido
Beberei um café naquela mesa
Onde corei com um sussurro

Lembrar-me-ei de ti quando for à Foz
E sentar-me-ei no mesmo local
Onde senti as tuas mãos
Recordar-te-ei vendo o sol de outono
Junto a uma qualquer praia

Passearei pela margem da Ria
E perguntarei aos pescadores
Se têm alguma memória de nós
Saborearei um vinho especial
In that old crummy hotel

Sentar-me-ei naquele tronco seco
No meio daquele areal imenso
Fecharei os olhos contra o sol
Quase ouvindo a tua voz
Descrevendo-me no meio de Sintra

Passearei só pelo meio de ruínas
Tocando em cada uma das pedras
Imaginando uma estória
Palmilharei o descampado
Quase vislumbrando Avalon

Deitar-me-ei imaginando
Que afinal tudo foi um sonho
Sonhado de olhos abertos
Resistindo à tentação de os abrir
Pois é chegada a hora de acordar

Abril/2001

Relógio

Eu sou o ponteiro dos minutos
No relógio da minha existência
Passo pelo ponteiro das horas
Em momentos certos e mágicos

Quem passa pelo relógio
Que julgo vagamente ser eu
Segue depressa demais
Sem olhar a quem adianta

Talvez o ponteiro dos segundos
Trespassando os números
Fazendo constantes tangentes
Na vida assim como na morte

Seria talvez bom poder
Girar os meus ponteiros
Sempre no sentido certo
Num ritmo próprio de mim

Parar em minutos preciosos
Saltar segundos amargos
Impedir o toque da hora
Fingir que ela não passa

Parar o tempo ali mesmo
Naquele minuto de silêncio
Em que tudo se diz sem falar
Numa cúmplice troca de olhares

Acelerar o seu compasso
Quando o leito vazio chama
Supor uma noite numa hora
Na ilusão de tudo transformar

Julgar tudo um sonho cruel
Quando ao despertar
Tudo permanece igual
Até as horas no relógio...

Outubro/2000

Publicado em porosidade etérea
imagem: Persistência da memória, Salvador Dali

Sonh@r


Enquanto vivo este sonho acordada contigo
Reinvento o teu sonho dentro de mim

Ao adormecer encostada ao teu corpo quente
Confundo o teu calor com o meu

No rumo que traçamos lado a lado
Descobrimos o nosso sonho a cada passo

Poem@ em A menor


ainda aqui estou
a ouvir as mesmas músicas
a ver as mesmas caras
a escutar as mesmas conversas
a pressentir o mesmo clima
a sentir a chuva a escorrer-me na cara e
as lágrimas que escorrem sem cessar
... porque tu não estás

acendo mais um cigarro
... não sei se algum dia estivestes mesmo aqui

Des@bafo (Poetik)

Karaoke:










Porque te amo não sei
Nem sei se amor é assim
Isso que trago no peito
Que só sinto pra mim

Porque é que eu fico chorando?
Se te amo e sou feliz
Se tantas vezes teu corpo
É todo o sonho que eu quis

Porque é que às vezes eu fujo
Com você mesmo aqui
E fico longe sofrendo
Sabendo que já parti…

Você é meu branco da lua
Minha luz minha agonia
Você pra mim é loucura
Tantas vezes minha alegria

Não sei bem porque fico
Não sei bem porque vou
Às vezes fico sentido
Que você me sobrou…

Você é mais um dilema
Que sempre me aconteceu
Mas sempre acabo te amando
Se todo eu sou seu

Poetik


Mais uma vez, sem me cansar de o dizer, amo-te apenas por dois motivos: por tudo e por nada! Obrigado @mor!

Des@bafo (Roberto Carlos e Erasmo Carlos)

O homem da minha vida fez, uma vez mais, uma letra fantástica. Desta vez, como oferta para colocar no meu blogue.
Original







B@lança



Todo o meu ser vibra pensando em ti
E sempre que fecho os olhos lembro-me
Por isso vou ficando por aqui

Todos os meus sonhos te vêem
E mesmo acordada sonho contigo
Por isso continuo sonhando

Tudo o que eu algum dia pensei ter
Julguei ter encontrado em ti
Por isso sigo pensando que tenho

Toda a minha razão me diz que não
Todo o meu coração me diz que sim
Por isso decido continuar

Todas estas palavras ecoam em mim
E ferem-me como punhais
Não sei que sentido lhes dar

Não vejo para onde pende agora a balança
Se para a razão que vê o meu reflexo no espelho
Se para o coração que adivinha o teu perfil

Sem rumo m@rcado


Forcemo-nos a caminhar
Pela estrada que todos atravessamos

Caminhemos lado a lado
Com as certezas ténues que nos assolam

Andemos pela vida
Como zombies sem destino

Voemos em liberdade
Durante as longas horas de sono

Atravessemos a vida
Olhando de lado para tudo e todos

Acreditemos que além de nós
Existe um outro que não nos vê

Sonhemos com aquele dia
Em que tudo nos parecerá irreal

Como se tivéssemos chegado agora
Como se os olhos vissem agora mais claramente

Como se os sentidos se apurassem
Quem sabe?

Cub@ libre


Copo alto cheio de rum e cola
Uma esguia mão namorando o copo

Cigarros consumidos em fila
Da boca saindo novelos de fumo

Música vibrantemente quente
Corpo balançando ao ritmo latino

A música crescente no tom
Os corpos girando até ao balcão

Olhos semicerrados e olhares furtivos
Conseguindo impedir as palavras

Enquanto a salsa avança na noite
Adivinhando outros ritmos...

Poetik@mente



Estende a mão
Sente a minha pele pedindo a tua
Mesmo por entre a roupa

Fecha os olhos
Cheira o meu querer-te tanto
Mesmo que eu não esteja

Abre a boca
Saboreia e beija-me
Mesmo que me não vejas
Lembra os meus lábios
Com o sabor acre do teu corpo
Mesmo que...

Amo-te muito para além de mim

@limento



Quando partes de mim o meu corpo esfria e anseia por ti
E resta-me a imensidão do teu terno toque em mim

O meu tempo de te querer não tem ponto final
O meu fado é o meu desejo de ti que não tem fim

Bebo as tuas palavras mesmo quando não as dizes
Medo tenho de as não perceber mesmo que as digas

Alimento-me sem limites do teu amor por mim
Mata a tua sede em mim em cada beijo meu

P@lavras

Todas as tuas palavras leio eu
Sôfrega de me adivinhar nelas
E todas as palavras que lá não escrevo
Por agora parecerem parcas no seu existir
Morrem lentamente nos meus dedos
Enquanto os meus olhos se fecham
E sussuram ... porquê @mor?

Escondid@



Escondi-me
De ti, de mim, de todos
Pelo cansaço

Desesperei
Por mim, por ti, por todos
Pelos desenganos

Perdi-me
De todos
Em mim
Por ti

F@do

temos vozes largadas
e emoções sentidas
jeitos entorpecidos
por entre vozes ensaiadas
temos vinho bebido de taças
... mas nada
de verdadeiramente do fado

vozes tristes pagas
para parecerem do fado
vozes com sentimento
pago com o fado
e enquanto trocamos olhares
tudo se torna mais fado
... e tudo o resto nos fica a parecer
parco de fado



Mur@da


A saudade cresce a cada dia
Agarrada ao muro que se ergue
Olho-me ao espelho e esta não sou eu
Nem tão pouco o que queria(s) que fosse
E de tanto tentar a segunda
Já nem a primeira sou

Ser m@e

Hoje, por algum motivo, porque me apetece que seja o dia da mãe... cedo o meu cantinho à minha filha. Já que não o posso dedicar também à minha em vida... que vos faça chorar como a mim!

Ser mãe..
É criar
É sofrer
É amar
É estar
É chorar
É ser
É odiar
É ser mãe!!

Mãe sei que até hoje já passaste por muito!!
Amo-te tal qual tu és...
Talvez por não estarmos bem...
Não te consigo dizer nada...
Independentemente de tudo estarei aqui...
És a minha mãe...Com ou sem defeitos...
(...)
Mãeeeeeeeeeeeeee...
Amo-te Muito...
Sofia Fonseca

Qu@tro Sentidos

Cheira
As rosas
Chegou a primavera

Sente
A cama quente
É Verão entre nós
Caem as folhas
É Outono lá fora

Será que ouves
As lágrimas que caem?
É Inverno em mim.

.......................................

Em que estação estamos mesmo ... ?

Luz negr@


Lá fora anoiteceu como aqui dentro

Uma luz negra ilumina parcamente

O que poucos conseguem ver em ti

Pergunto-me de que cor será a luz

Que brilha dentro do teu mundo...

Pó de estrel@s


Já nada tenho
De verdadeiramente bom para partilhar

Já nada quero
De ninguém para mim somente

Quero apenas
O que a vida ainda tiver para me dar

Enquanto sinto
O fardo de tempos idos carregado nos ombros

Entre o muro da morte e a certeza da pouca vida
Que resta ao comum mortal que sempre serei

Há um caminho a percorrer
Curto e rectilíneo estando de mão dada com a vida
Longo e sinuoso que vai do berço até à urna

Pelo meio haverá um instante
Em que o amor já não chega

No entretanto haverá um momento
Em que tudo o que se diga é pouco

Quando esse dia chegar já não quero estar nem ser
Quero ir e desvanecer-me entre o pó das estrelas
Que me trouxeram e me vão finalmente levar

Nesse expirar longo e cortante
Deixarei sair finalmente tudo o que não disse
Em gotículas de vapor
Transformadas em lágrimas feitas estrelas cadentes

Poem@ banal


Soubera eu recitar

esse único poema banal

que te acorda!


Um poema com palavras banais

que uma e outra vez te digo

sem récitas...


Que de banal têm apenas

o serem elas próprias

mas não o sentido.

T@nto


tanto quanto o fado
o permita
tanto quanto a vida
o deixe
tanto quanto o teu amor
o transmita
tanto quanto o fado
o deixe
tanto quanto o que te amo
o consiga mostrar
tanto quanto quem canta
o demonstre

o fado deixa sempre
ser quem o cante
o amor deixa sempre
ser quem o sente

amar-te assim
para sempre
tem um leve sabor
a fado

Silencios@mente


Peguei na folha
Como tantas outras vezes

Afinei a pena
Como em tantos outros dias

Pensei em ti
Como sempre desde que contigo estou

Nada sai da minha mão parada
Como já vem sendo hábito

E tudo a pouco e pouco se esvai
Em cada palavra que me não dizes

´@ pele...


... Porque não és esse fim

És este meu princípio

Porque a cada toque teu

A pele que sei ser tua

Sinto-a como minha ...

@mo-te porque SIM

Apen@s nós







Trouxesse eu o fado
Trouxesse eu o sentimento
Seriam para todo o sempre meus

Trouxesse eu o céu
Trouxesse eu o firmamento
Seriam para todo o sempre teus

Trouxesse eu o luar
Trouxesses tu o mar
Seríam eternamente nossos

Nada disto tendo fico apenas eu
Cantarolada num fado simples
Que me sopra que mesmo sem nada
Nem um verso sequer que rime
Nem um luar que seja só nosso
... Nós somos só nossos ...

4 est@ções


Chove nos meus olhos água caída dos céus
Derramada por um qualquer deus inquieto

Neva nos meus pés flocos de algodão doce
Deixado cair por alguém passando por mim

Tombam folhas secas nos meus braços nus
Mascaradas de cabelos morenos e mornos

Sinto o calor do sol no meu rosto tisnado
Tal furna de água de nascente fervente

Derivo ao vento lambendo sal nos lábios
Julgando-me barco ao sabor das marés

Sinto a natureza toda em mim quando te pressinto
Descobrindo no teu olhar as quatro estações por inteiro

Procur@-me



Sinto o calor do sol
Durante a noite inteira
E ainda o frio da lua
Embora o sol a esconda

Torno-me transparente
Num simples piscar de olhos
Assaltam-me mil pensamentos
E pressentimentos constantes
Mas difusos e em linha recta

Ao pisar uma estrada
Repleta de pedras cortantes
Não consigo olhar o horizonte
Apesar de o sentir tão perto

Procuro-te incessantemente
Num lugar distantemente perto
Mas não te toco por não te ver

Não te procuro em mim mesma
Quando me revejo na água lisa
Apenas ouço uma voz sumida
"Procura-me e encontras-me
Bem no fundo dos teus olhos"